Há coisas que nunca disse aqui...
ou porque tinha vergonha ou porque achava que nunca ninguém ia acreditar ( a não ser quem viu). Hoje acho que já me sinto em condições de falar nisso sem me sentir (muito) ansiosa.
Assim sendo, aqui vai:
A Mariana nos primeiros dias, era um bebé muito dorminhoco. Adormecia por tudo e por nada. A médica disse-me que quando ela completasse o resto do tempo que deveria ter estado na barriga que mudava. E assim foi. Mas até lá era muito preguiçosa. Adormecia a mamar. Mamava um minuto, adormecia dez. E se eu tentava tirar-lhe a mama, berrava. Também não queria chupeta. Eu tentava todas as técnicas para a acordar: despi-la, mexer-lhe nas orelhas, etc. Não conseguia. Toda a gente tinha uma teoria ou conselho. Mas na práctica... e sei que foram muitos os que acharam que nunca iria conseguir amamentar em condições.
Eu apontava num caderninho as horas a que lhe dava mama e durante quanto tempo. Tal era o descontrolo.
Há um tempo dei-me ao trabalho de somar as horas que ela passava com a mama na boca. Chegaram a ser 10 horas (em 24 que o dia tinha). Daí o meu desespero, os meus choros, as minhas gretas. E eu, quando dizia alguém que ela estava mais de uma hora de cada vez, agarrada a uma mama, criticavam-me. A médica era uma dessas pessoas. Deixei de contar. Fingia que ela estava o tempo normal. Não me queixava. Mas chorava muito. E pensava porque é que isso só me acontecia a mim. O Pedro assistia e acho que também desesperava. Foi uma fase muito complicada. Juntamente com a adaptação à nova condição de mãe, pôs-me de rastos. Poucas semanas depois, tudo passou. Mas acredito que o desgaste dessa fase só se fez sentir muito mais tarde.
E é por isso que tenho medo. De passar por isso tudo, outra vez.
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