Maternidade
Rebentaram-me agora as águas. Vou para a maternidade. Torçam por mim. Beijinhos
O meu obstetra perguntou-me se queria acelerar o processo ou esperar. Só perguntei se ia doer muito. Ele decidiu dar um toquezito. Não doeu mas eu estava muito contraída. Ele disse-me que no meu caso não era muito fácil prever se iria resultar porque tenho o colo muito posterior. Disse-me que se a Mariana não nascesse até 4ª feira dia 6 para lhe ligar. Assim farei. O Pedro diz que ela nasce de 6ª para sábado e eu penso que nascerá lá para sábado mais para a tarde. Vamos ver. Vou sair e jantar fora. Vamos namorar.
Hoje acordei como sempre para as normais idas à casa de banho. Nesta gravidez, penso que a única noite que dormi directinha, foi quando fomos para a serra de Alvados. Foi tanta paz que consegui dormir sem acordar uma única vez. Não voltei a repetir o feito. Hoje, numa das vezes que acordei senti a barrriga tipo pedra como nunca tinha sentido. É normal ficar rija de vez em quando mas tanto... Acho que acordei a gemer baixinho (inconscientemente) porque o Pedro acordou e perguntou-me o que se passava. Tentei levantar-me mas não consegui. E fiquei quietinha à espera que passasse enquanto imaginava a minha menina a ser apertada pelas paredes do meu útero. Demorou tanto tempo a passar e eu com uma sensação de impotência. Decidi que vou aguentar e colaborar o máximo possível, (se for necessário para além das minhas capacidades) para que no parto a minha filhota sofra o menos possível. Tenho que ter força para fazer tudo bem e aplicar os meus conhecimentos das aulas de PPP.
Quando olho para trás, lembro-me da altura da gravidez em que queria desesperadamente ultrapassar a barreira das 12 semanas, passar aquele período horrível em que a tive o corrimento. Lembro-me mais tarde de estar felicíssima na altura das 16-18 semanas e do orgulho de ultrapassar as 20 semanas. De começar a contar as semanas em sentido decrescente e de passar o segundo e parte do terceiro trimestre sempre com um sorriso de orelha a orelha. Por volta da 32ª semana começou o terror das contracções e passei a viver esta gravidez um pouco mais a medo e a contar cada dia que passava para ver se conseguia que a minha menina não fosse muito prematura. Quando olho para trás vejo como o tempo passou depresssa. Como sou outra pessoa, como ainda há uns meses olhava com respeito e admiração para as pré-mamãs em final de tempo e pensava como ainda faltava tanto para chegar a minha vez. Agora, quando penso o pouco que falta (sim porque as contracções já são uma constante) já sinto algumas saudades de olhar para minha menina dentro de mim a ondular, de ouvir constantemenete como estamos bonitas, com a barriga redondinha e com a pele óptima. Até nisso a gravidez é uma benção. Estão sempre a mimar-nos com elogios (mesmo que não sejam totalmente verdadeiros sabem bem ao ego!).
Afinal uma coisa já está certa: a minha Mariana já não será uma bebé prematura. Bem sei que o ideal é ela chegar às 38 semanas mas se nascer agora já estará pronta a enfrentar este mundo sem prematuridade. Hoje fomos ao cinema, ver o tal filme que era suposto termos visto ontem. Ela não parou quieta. Tem estado muito agitada desde ontem. Não sei se a aproveitar os últimos momentos aqui no aconchego da barriga (que embora esteja enorme, já não chega para o crescimento da minha menina). E eu cá continuo a tentar não deixar escapar nem um só segundo daqueles que serão os últimos dias desta gravidez. Quero aproveitar um a um, quer restem um, dois ou vinte dias. Vou ter saudades desta barriga e de ter a minha menina comigo 24 horas por dia. Mas estou feliz porque sei que o que virá depois superará todas as saudades desta fase.
Adormeci a ver um filme com o Pedro. Acordei com um braço dormente, a ver tudo desfocado e com menor ângulo de visão, e comecei a ficar com os lábios e língua dormente e a sentir-me supermaldisposta. Pedi ajuda ao Pedro para me vestir e ir rapidamente para o hospital. Comecei a ficar pior e deixei de conseguir articular palavras com nexo, e a não perceber o que me estavam a dizer. Entrei no hospital por volta das 3.30 desorientada espacialmente e com confusão mental. A senhora da admissão falou comigo enquanto o Pedro ia buscar os meus cartões. Não a entendia. Pedi-lhe desculpa e esperei que ele percebesse aquela linguagem que eu ouvia mas não decifrava. Entrei e o médico fez-me novamente perguntas indecifráveis. A enfermeira falava e eu só pedia desculpa por não perceber. Lá consegui responder qualquer coisa e o médico falou com o Pedro. Perguntou se era nervosa, se tinha comido,etc. Mediram-me a tensão e as pulsaçóes (acho que 195) e disseram aoPdro que estava nervosa. Não estava. O médico fez-me a observação e eco e internou-me para observações. Custou tanto ficar sem o Pedro. Sei que vou ficar agora pelo menos 3 dias mas terei a minha filha. Comecei a ficar melhor mas com uma dor de cabeça insuportável (o Pedro diz que eu já me tinha queixado mas eu não me lembro). Fiquei ligada ao ctg e foram-me administrados uns soros e as 8.45 o médico disse-me que se já me sentia melhor teria alta. Enquanto isso uma senhora gemia com dores ( ai, ai, quando serei eu?). Eu não tinha conseguido dormir nada e liguei ao Pedro para me ir buscar. Como mudou o turno fiquei mais uma hora à espera porque não sabiam do meu processo para me darem alta. Ainda veio uma enfermeira perguntar-me porque é que a primeira vez tinha sido cesariana. Fiquei a olhar. Era engano.
A minha irmã e o meu cunhado fizeram uma coisa há 37 semanas que nem me atrevo a descrever (nem acredito como é que foram capazes, mas enfim...)! O que é certo é que, apesar de estar tudo em pré-pânico (temos uma tia que queria vir de urgência tirar fotos à barriga, não vá depois ser tarde demais), eu estou mais que descansada. E a acreditar, não sei porquê, que a minha sobrinha ainda aguenta mais duas ou três semanitas. Não que esteja satisfeita. Depois de quase nove meses, já me cansei de:
Estava aqui a pensar que ultimamente as pessoas têm-me desejado uma "hora pequenina". Costumo responder: " Obrigada, mas se não for pequenina , pelo menos que corra tudo bem. E é assim que estou a encarar o momento. Estou-me a preparar psicologicamente para dores muito fortes (quase insuportáveis, não é?). Mas espero conseguir ter forças para viver o momento. Qual será a minha reacção depois? Sorrir, rir, chorar? Que estranho não puder controlar o quando e o como. Espero que corra tudo bem, isso sim.
Parece que as luas infuenciam mesmo os nascimentos. A próxima lua é dia 28 ( 37 semanas e tal) e a seguinte é dia 6 de Julho (38 semanas e tal). Será? Eu a as minhas manas nascemos em quarto crescente que este ano será a 14 de Julho ( quase 40 semanas). O Pedro nasceu em quarto minguante. Vamos ver. Se nascer antes de dia 7 ainda tenho 28 anos, senão já terei 29. Os dias que mais gostava que ela nascesse: dia 2, dia 7 porque adoro o nº 7, casei a 7 e nasci a 7. Dia 8 porque dizem que o 8 dá sorte. Se nascesse ainda em Junho ( filha , espera mais um pouquinho) dia 26 porque é o dia de anos do Pedro (embora ele faça em Julho).
Hoje à tarde enquanto trabalhava, senti uma daquelas contracções que já venho tendo há algum tempo. De seguida, tive outra mais forte e que se prolongou das costas para a barriga. A minha primeira reacção foi pensar: será que vai ser agora? Eu tinha imaginado que quando isto me acontecesse ficaria em pânico, mas não. Senti uma felicidade que nem consigo explicar. Foi falso alarme mas andei com um sorriso de orelha a orelha o resto da tarde. Quando fui à preparação para o parto, a enfermeira olhou para mim e para outra e disse-nos que não faltava muito para que nascessem os nossos bebés. Está lá uma rapariga a caminho das 41 semanas e outras mais adiantadas que nós, mas ela acha que nós vamos primeiro. Diz que raramente se engana. Basta olhar para a nossa cara. No fim das aulas perguntou como é que se sentiam as que iam abandonar as aulas e também me perguntou a mim. Disse-lhe que estava superfeliz desde que sentira aquelas contracções mais fortes. Disse-lhe também que estava apreensiva porque descobri ontem que o Pedro não sabe onde é a maternidade para onde vamos( porque é em Coimbra). Ou seja, se alguém me for levar lá e ele for lá ter, pode ser que no dia que eu tenha alta, ele encontre o hospital, lol. A minha irmã Vera é que ficava toda contente. Ela queria assistir ao parto...
O nascimento de uma vida é para mim um mistério. A parte científica é extremamente fácil de compreender. Mas, ao pensar que de um acto de amor (ou pelo menos normalmente!) começa a crescer um ser, uma vida, faz-me pensar. Uma das coisas que sempre me impressionou foi pensar: os pais vão para a maternidade sem nada (entenda-se com uma grande barriga) e saem de lá com um bebé , uma vida. Eu sei que os nove meses que dura a gravidez faz já de nós mães. Já comunicamos e interagimos com os nossos filhos. Já pensamos a nossa vida em torno deles, mesmo sem nascerem. Mas não sabemos como vão ser. Nem fisicamente nem em termos de comportamento. Em suma, embora não os escolhamos, são para nós sempre os melhores. E amarmos uma vida que está ainda dentro do nosso útero, não deixa de ser também um doce mistério. Imagino muitas vezes como deve ser a sensação de uma vida, daquelas que nos acompanharão sempre, (para além do nascimento, claro!) o dia de regresso a casa. Passar de dois mais um bebé na barriga, para três deixa-me a pensar que o nascimento de uma vida foi "um plano muito bem arquitectado".
Hoje dei por mim a pensar que a maior parte das pré- mamãs que costumamos "visitar" diariamente, estão 1 ou 2 semanas avançadas em relação a mim. O que significa que provavelmente uns dias antes de a minha Mariana nascer, e eu andar stressada, não vou ter a companhia assídua dos posts actualizados. Como é que vou sabendo novidades? Espero que não se esqueçam de nós que estamos mais atrasadas e mortinhas por saber notícias. E muito boa sorte. Que corra tudo como mais desejam porque o grande momento está para chegar. Vão ser mamãs. E nós estamos aqui à espera- das vossas novidades e da nossa vez.
Tudo o que eu te dou
Este blog nasceu "das mãos" do Pedro. Lembro-me de ficar muito entusiasmada por estar grávida mas não saber muito bem se queria ou não partilhar esta felicidade na net. Sempre fui muito céptica em relação a modernices embora tenha "conhecido" o Pedro pela internet. A minha irmã ajudou-o e incentivou-o a criar e manter este blog. Eu vivi esta gravidez até ás 14 semanas aterrorizada. Já tive muitas "surpresas" ao longo da minha vida e sinceramente tive sempre muito medo que esta gravidez não fosse até ao fim. Começou mal quando suspeitaram ser uma gravidez ectópica apenas às 6 semanas. A gravidez continuou e eu sempre ansiosa. Um dia à noite deparei com o cenário que tanta vez tinha imaginado: uma pequena mancha acastanhada às 10 semanas (corrimento) que me levou à cama 10 dias no Natal e passagem de ano. Eu que sempre tinha imaginado que se passasse grávida algum Natal seria uma alegria porque adoro o Natal. Lembro-me de chorar sozinha a pensar que iria perder o meu pimpolho (tenho remorsos de ter chamado assim a minha Mariana mas na altura era assim que a tratava!). Lembro-me de estar a tomar hormonas e completamente derrotada pensar que alguma coisa tinha que correr mal. Tinhamos conseguido engravidar à 1ª tentativa mas estivemos a um pequeno passo de perder esta gravidez, este bebé. O Pedro sorriu quando eu chorava e apoiou-me enquanto eu estava a deixar-me derrotar. Foi, como sempre, um grande apoio. Embora tenhamos passado muito tempo a conversar sobre o que vai mudar, eu fui ao longo da gravidez deixando aquele sentimento de só saber ser filha para querer muito ser mãe. Nalguns momentos vacilei. Sempre fui filha e ser filha é tão bom. Ainda preciso tanto da minha mãe a todos os níveis que o meu egoismo não me permitia ver-me como mãe. Até que há 9 meses atrás decidimos que estávamos preparados para este passo e decidimos começar a tentar. Só desde aí compreendi que é possível ser mãe e ser mimada e acarinhada como filha também. Às 13 semanas com a 1ª eco das 3 principais comecei realmente a viver esta gravidez. Sempre muito a medo mas com uma confiança que aumentava de dia para dia. Aos poucos comecei a querer partilhar a nossa história, a desabafar, a conhecer outras histórias tão diferentes mas quase sempre com as mesmas dúvidas e medos. Passei a visitar os vossos blogues diariamente e a "cobrar" quando alguns blogs ficam sem actualização muito tempo. Ganhei outra família. Embora não conheça ninguém pessoalmente e se calhar quase ninguém saiba quem somos( eu, o Pedro e a Mariana), esta família de babyblogs tem sido importante para mim. Comentamos entre nós sempre que nasce um bebé e falamos como se sempre tivessem pertencido à nossa família. O Pedro retirou-se um pouquinho de escrever porque diz que eu tenho mais jeito para contar as nossas histórias. Tenho pena porque adorava ver a mesma história, a nossa história, escrita por ele. Sei que para ele este momento é como para mim um misto de emoções que ele se tem mostrado à altura. Sei que não me vai desiludir e vai ser o melhor pai do mundo para a minha filha. Um pai como o meu papá foi para mim. Sei que ele deve também tal como eu ter momentos de grandes dúvidas e medos e que se não os partilha tanto comigo é para não me preocupar. As pessoas dizem muita vez que a nossa relação vai mudar e para aproveitarmos os últimos momentos "sozinhos" porque são os melhores. Também me diziam que o namoro era muito melhor do que estar casada e que a vida nunca mais seria tão boa. Não concordo nada. Gostei muito de namorar e claro que às vezes tenho saudades mas estou a adorar a vida de casada que não trocava por nada deste mundo. Costumo dizer que se soubesse já tinha casado há mais tempo. E na altura estava consciente que queria casar mas por outro lado não queria deixar de ser a filhinha da mamã, deixar de ser solteira e passar a ter a responsabilidade de ter uma família só minha e escolhida por mim. Sei que parece contraditório mas sempre que tomo decisões importantes tento não pensar a fundo em todos os prós e contras porque senão nunca tomaria nenhuma decisão. Penso que decido conscientemente mas sempre sem ir muito ao fundo da questão para não ficar indecisa. Agora quero acreditar que tal como no casamento a minha vida familiar vai enriquecer ainda mais. É óbvio que a Mariana já é a minha vida, a minha alegria. E quanto à minha vida a 3 espero que se venha a fortalecer ainda mais porque sempre quis ter uma família grande tal como aquela em que nasci e cresci. Quando as pessoas me dizem que nada vai voltar a ser como antes, acredito. Quero que seja ainda melhor. Estou feliz porque amo o meu marido, a minha filha e espero continuar a ser muito feliz neste meu cantinho que é a minha família. Aquela que eu escolhi para viver a minha vida. Com muito amor...
Estou deitada no sofá com o Pedro, a olhar maravilhada e a acariciar as ondinhas que as partezitas do corpo da minha filhota fazem na minha barriga. Parece que quer sair e saltar cá para fora. Estou a pensar quantas noites mais vou ficar a admirar os seus movimentos dentro da minha barriga. Quantos fins de semana mais passarei só com o Pedro, sem a minha princesinha já cá fora. Vou ter saudades de admirar a minha barriga a ondular e de falar com ela ainda cá escondidinha.
Quando eu estava a comentar o que tinha sentido lá no hospital quando fui ver o Dinis, com o meu obstetra, ele comentou: Isto é o que dá as pessoas aos 28 anos acharem que os bebé são trazidos pelas cegonhas. Ri-me e pensei: Tão engraçadinho. Lol.
Costumo dizer que não me assusta. Respondo sempre que se as outras conseguem eu não sou mais nem menos. Nas aulas de preparação enquanto discutiamos o assunto- medo do parto- lembro-me de referir que as aulas me ajudavam porque o que me costuma assustar é o desconhecido. Não saber quanto tempo vou estar na dilatação. Não conhecer anteriormente o "quanto" vai doer e ao trocar experiências boas e más (claro!) nas aulas, a mentalização tem-me ajudado a não pensar muito nisso. Até já pensei que quero viver esse momento ( se for possível) só a pensar em colaborar muito para que a minha menina venha ao mundo rapidamente e sem sofrer muito. Porque os bebés também sofrem... O que realmente me assustava era ter de ficar no hospital. Tanto tempo passado em hospitais e nunca fiquei internada. Vou ter de ficar lá, com a minha bebé mas sem o meu bebé grande: o papá Pedro. Penso que há dois anos para cá só muito esporadicamente passo uma noite sem ele- quando vou a congressos mais longe.
Entrámos e depois de o médico falar sobre o apuramento para campeonatos de futebol femininino e sobre a selecção Italiana (eu jogava futebol antes de engravidar), exclamou: " Então, está quase!". É verdade. Quando penso no pouco tempo que falta surge aquele misto de emoções. Perguntou-me como me tenho sentido e se não nos tinhamos visto há pouco tempo. Respondi-lhe que a última consulta tinha sido há 4 semanas mas que tinha ido fazer a última das 3 ecos com o outro Dr. Ficou admirado com o tempo que passou num instante. Perguntou-me se já tinhamos falado sobre o hospital onde iria nascer a minha Mariana. Esteve a enumerar vantagens e desvantagens de Leiria e Coimbra. Como principal vantagem do hospital de Leiria descreveu a proximidade para visitas e apoio familiar ( são 12 kms). Para mim essa "vantagem" sempre foi relativa. Eu quero receber visitas mas de familiares e amigos chegados e sei que em Leiria me vou enervar por ter toda a gente menos aqueles que eu faço mesmo questão que estejam ali comigo. Já tinha pensado muito nisso. E sempre disse que queria ir para Coimbra. Estudei lá e sinto-me muito mais à vontade lá. Ultimamente comecei a mentalizar-me que poderia dar-se o caso de não ir a tempo ou qualquer outra coisa e ter de ficar em Leiria. Para não ser um choque muito grande planear tudo e depois não correr assim. A enfermeira de preparação para o parto disse-me que posso sempre passar em Leiria a ver se está tudo bem, assinar o termo de responsabilidade e seguir para Coimbra. Preferia que não fosse assim. O Dr. disse-me que em termos de tratamento seria mais ou menos igual em L. ou C., embora algumas pessoas se costumem queixar do internamento em Leiria por ter quartos com 6 e 8 camas (que horror) e que às vezes, por isso o tratamento não é o melhor. Já fui às urgências hospitalares a Leiria e já fui muito bem e já fui mal tratada. É como tudo. Ele diz que a principal diferença refere-se à oferta da epidural. Em Leiria só há das tantas às tantas horas. E como os bebés ainda não têm nenhum chip a dizer a hora que nascem... Falou também no número insuficiente de WC em Leiria. Já está decidido. Se puder vou para Coimbra. A seguir foi fazer a eco, mediu a cabecinha daMariana e esteve a observá-la enquanto exclamava: "Isto agora já não tem gracinha nenhuma, já não se vê nada." Claro que se vê. Eu vejo que está ali a minha filhota. Tão linda... Voltou a dizer que tenho uma barriga muito jeitosa. Será que diz isso a toda a gente ou gostou mesmo da minha? E a dizer que se dúvidas havia, agora estou mesmo grávida(entenda-se que se estava a referir ao tamanha da barriga, lol). Disse-me que tinha tido uma progressão de peso espectacular ( ai, ai, quando vou voltar a ter os meus 55 kgs?) porque aumentei até agora cerca de 8 kgs. Meço 1.70m mas sinceramente com esta barrigona parece que encolhi. Ficamos mais atarracadas, não é? Mas eu estou a adorar estar grávida e ter esta barriga e depois logo se vê. Depois do toque,voltou a exclamar: "Esta bebé não chega ao fim de tempo porque não faz nada do que lhe digo. Tem descansado?" O Pedro respondeu logo: "Nem por isso". Parece que ela continua muito apoiada. Depois veio uma novidade: " Acho que é melhor ir para Coimbra porque eu acho que vai ter muitas vantagens em levar epidural. Eu não a acho extremamente necessária em todos os casos, tanto que fiz um parto à minha mulher e ela não levou e tinha condições para isso. No seu caso tem o estreito inferior da bacia muito estreito e tem todas as vantagens em levar epidural porque para o final a coisa pode-se complicar." Fiquei a olhar. Só me faltava mais esta. Uma bebé supostamente no P75 e uma bacia estreita. Fiquei satisfeita por ele achar necessário epidural ( como eu sempre imaginei!) mas não gostava muito que tivesse que ser cesariana. O Pedro comneçou logo a brincar, a dizer que em vez de uma Mariana se calhar vai ser uma cesariana. Vamos ver. Daqui a 15 dias volto lá para CTG e consulta. A minha irmã diz que se voltar lá daqui a 15 dias já é para ir ao pediatra. O médico concordou dizendo:" não faz nada do que lhe digo". Tão engraçadinhos.
Hoje chegámos muito, muito cansadas. O papá Pedro tinha preparado o jantar (para não variar) e agora ao final da noite preparou-nos um banhinho de imersão com direito a massagem com gel de banho de morango ( hummm, nós adorámos!). Há muito tempo que não tinhamos um final de noite tão relaxante. Soube tão bem. A Mariana adorou. E até teve direito a ouvir o papá falar com ela com voz de pato Donald (como a mamã adora!).
A minha sobrinha Helena este fim de semana ficou doente com uma gastroenterite viral. Eu como não podia deixar de ser, comecei a ficar mal disposta e com diarreia ontem ao final da tarde. Sempre que alguém tem uma doença contagiosa lá em casa, a primeira pessoa a ser contagiada sou eu. Sempre foi assim. Devo ser muito frágil. Passei a noite toda sem dormir, com cólicas intestinais e a ir à casa de banho. Como não consegui dormir, estou aqui tipo zombie. Agora para além de dor de barriga também tenho dor de cabeça. E com tanto trabalhinho à minha espera...
Foi há um ano. Lembro-me da euforia de vir a correr para casa para ir especar-me à frente de um ecrãn gigante a delirar com Portugal. Lembro-me de sair à rua e sentir a euforia de multidões a torcer pelo seu país. Lembro-me de ver Croatas, Franceses, Suiços e Ingleses a confraternizar e a alegrar as nossas noites. Lembro-me de estar a adorar que Leiria tenha sido uma das cidades escolhidas para jogos do Euro. Lembro-me de vibrar de emoção com os golos marcados, de sofrer com os sofridos. De correr para casa, fechar-me no quarto e ligar o rádio aos altos berros para não ouvir os últimos minutos do Portugal - Inglaterra. De fechar os olhos para não ver. Foi um mês de emoções fortes que nunca vou esquecer. Sou sportinguista mas nunca vibrei tanto como com a selecção. O que é sofrer por um clube ao pé de sofrer por uma selecção? Junho de 2004 trouxe-me emoções que nunca vou esquecer.
Ontem finalmente comprámos o que nos faltava: o cortinado para o quarto da piolhinha. Fomos também buscar a banheira que a minha irmã nos emprestou. Era da minha sobrinha e não havia necessidade de estarmos a gastar dinheiro noutra porque aquela está como nova. Estive a dar uns últimos "retoques" na nossa mala e no quarto dela porque, como diz o Pedro, não posso estar um minuto sem fazer nada. Quando arrumámos a banheira a um canto da casa de banho para estar sempre pronta a utilizar, pus-me a pensar no espaço. Eu tirando umas breves memórias que tenho de ter vivido até aos 3 anos em casa dos meus avós, sempre desde que me lembro vivi em minha casa com montes de espaço para tudo e mais alguma coisa. Acumulei durante anos tudo o que só alguém como eu, agarrado ao passado, às recordações e às pessoas, consegue guardar. Bilhetes, revistas com assuntos do meu interesse, material que um dia "poderia vir a dar jeito", etc, etc... Enquanto estava em Coimbra a estudar vivi em apartamentos mas continuava a acumular tudo em casa ao fim de semana. Ia organizando as coisas conforme podia de forma a guardar a maior quantidade de " tralha" que conseguisse. Quando casei viemos viver para um apartamento da minha mãe que estava vazio. É a 5 kms de casa da minha mãe, no centro de uma cidadezinha perto do descanso do lugar onde quase sempre vivi. Estamos a pensar construir casa quando resolvermos umas questões burocráticas de um terreno, mas até lá vamos ficando por aqui. Até gosto bastante de viver aqui porque não estava habituada a ter sempre tudo à mão e continuo a estar perto da minha mamã. O problema é que há 2 anos que continuo a transportar coisas cá para casa. Precisamos sempre de mais alguma coisa. E mesmo assim deixo quase tudo o que não me faz falta no imediato em casa da minha mãe. Com o aproximar da chegada da Mariana tive que deixar um quarto disponível e ninguém imagina o esforço que foi enfiar tanta coisa na dispensa e numa das varandas. Tive que aproveitar um dos poucos dias que me deu um rasgo de inspiração para escolher o que é realmente importante. Se bem que para mim isto da importância é relativo(lol). O Pedro que tem um poder sintético a escolher o que é realmente é importante espectacular, passa-se comigo. Lá vem ele carregado com coisas de casa da minha mãe a perguntar se preciso mesmo das 1001 coisas que todas as semanas invento para trazer para ao pé de mim. Ontem quando trouxemos a banheira pus-me a pensar que vou querer guardar tudo o que é da minha filha. E para que a minha memória não me atraiçoe, gostava de guardar mesmo tudo. A sorte do Pedro é que não temos espaço. Ele já costuma dizer que na casa nova ( que construirmos) vamos ter de fazer um espaço com 50 m2 só para sacos de plástico (que exagerado, tá bem que guardo tudo mas alguns vou deitando fora!). Eu já sugeri comprar o apartamento de um dos vizinhos, abrir uma porta e fazer dele quarto de arrumações. Porque é que ninguém me compreende?
Quando olho para os meus pés que nunca foram de princesa ( será que há alguma princesa digna de conto de fadas a calçar o 39 ou 40?) penso que provavelmente vou explodir. Começaram a inchar 3ª feira depois de uma noite mal dormida, cansaço e muito calor. De manhã sempre estão um pouco menos inchados mas à noite até doem. O Pedro faz-me uma massagem e eu elevo-os mas continuo a parecer algo indiscritível.
Ontem fizemos 2 anos de casados. Dia 7 de Junho de 2003 foi o dia que concretizei um dos meus sonhos. Sempre imaginei esse dia perfeito, feliz e com muito amor. O dia correu como eu sempre imaginei. Depois de virmos de lua de mel (que foi óptima), nos primeiros tempos não foi fácil. Embora eu já passasse o meu tempo livre todo com o Pedro antes do casamento, sair de uma casa " cheia" para partilhar o meu espaço e tempo só com ele não foi como eu imaginava. Lembro-me de implicar com ele por tudo e por nada. Lembro-me que não me sentia bem. Cheguei a temer não conseguir gerir a minha vida com o homem dos meus sonhos. Com a pessoa que eu tanto amava. Sei que parece uma contradição... Com o passar dos dias fomo-nos aproximando e as noites mal dormidas, o mau feitio, foi dando lugar a uma sensação de conforto, de prazer, de alegria de o ter ali todos os dias comigo a amar-me e a deixar-se ser amado. Dois ou três meses depois começou a nossa verdadeira lua de mel. O Pedro surpreendeu-me na forma responsável, madura e meiga como conseguiu gerir as nossas tristezas e viver as nossas alegrias. Quando alguém comentava sobre o casamento lembro-me de dizer que se soubesse como era já tinha casado há mais tempo. Passou um ano e como estávamos de férias aproveitámos o dia para tirar fotos, passar, namorar e fazer uma festinha com os familiares mais chegados. Foi como reviver aquele dia de felicidade. Adorei. Mais um ano passado e este ano foi diferente. Trabalhei até tarde e fomos festejar o dia só ao final da noite. O Pedro preparou-me umas surpresas e foi um dia muito bem passado. Adorei. Mas o que me faz mais feliz é pensar que 2 anos depois sinto-me preenchida. Tirando aqueles momentos menos bons que penso que todos os casais têm, vivemos uma vida de dedicação um ao outro e ao nosso amor. Nem sempre com o tempo disponível que desejávamos mas sou muito feliz com ele. Sempre tive um excelente exemplo do que é amar incondicionalmente em minha casa e foi com este amor que sempre sonhei. Como tudo na vida, não será com certeza perfeito mas é verdadeiro. Hoje já carrego comigo um fruto deste amor e em breve espero tê-la nos braços ( Filha eu disse em breve e não já. Aguenta aí mais umas semaninhas!). Sei que mais uma vez provavelmente a adaptação não vai ser fácil. Tal como não foi ao casamento, mas também agora estou disposta a vencer as dificuldades para continuar a ter uma família como sempre sonhei. Quero muito olhar para trás e ver que conseguimos construir algo. Como disse ontem ao Pedro a nossa história de amor é de arrebatar numas situações, de chorar noutras, de sorrir muitas mas sempre de amar intensamente. Espero que assim continue por muitos anos. Adorava continuar a olha para trás e ver sempre uma deliciosa história de amor. Amo-te tanto Pedro.
Depois daquele maravilhoso diagnóstico de parto prematuro em eminência, já só me faltava esta. A dose de magnésio e a de relaxante uterino estão a dar cabo de mim. A verdade é que enquanto estão a fazer efeito não sinto contracções, mas nem consigo suportar o peso do meu próprio corpo. Parece que estou dopada ( embora nunca tenha tido essa sensação mas deve ser mais ou menos assim). Eu que andei a gravidez cheia de energia, sinto-me de rastos. Passo o dia e a noite na casa de banho, arrasto-me durante o dia com tanto cansaço e a verdade é que ainda não consegui diminuir o ritmo porque já tinha tudo programado em termos de trabalho para esta semana. Assim que passam as 12 horas regressa a energia e com ela as contracções. Espero que isto seja só agora em período de adaptação à medicação. A minha filhotinha está tão bem lá dentro porque é que insiste em nascer mais cedo?
O dia 1 de junho era uma alegria para nós. Eu e as manas íamos todos os anos a uma festa da freguesia onde estavam todas as crianças. De manhã havia sempre corridas onde eu iniciei os meus 10 anos de atletismo. Depois pintávamos, fazíamos" obras de arte" com barro, almoçavamos e assistiamos a um espectáculo. Quando chegávamos a casa tinhamos muito para contar e um pequeno presente à espera. Com o passar do tempo, o dia deixou de nos pertencer. Agora pertence-nos a responsabilidade deste dia. Embora a minha mãe todos os anos nos continue a dar o tal presentinho( é verdade!), sei que o faz para nos lembrar que já fomos as suas crianças e que agora temos um papel a cumprir neste dia. As primeiras crianças em quem pensei hoje foram obviamente as minhas sobrinhas(a minha Helena e a sobrinha do Pedro, a Érica, que têm 3 anos) e na minha Mariana. Este é o primeiro dia da criança que ela existe, e de uma forma muito especial porque está dentro de mim. Tenho o privilégio de a sentir e mimar na minha barriga e passar o dia todo com ela. O dia que também já é dela. E quando imagino este dia lembro-me sempre de muitas risadas entre correrias e brincadeiras. Sei que isto é só a visão bonita de um dia que para muitas crianças é só mais um dia de uma vida sem direitos de criança. E acreditem que sinto uma frustração enorme de não puder ter o dom de mudar o mundo. Mas pelo menos por algumas crianças sinto que posso fazer algo e essa oportunidade não vou desperdiçar. Para que um dia os adultos que já foram estas crianças possam recordar este dia como eu.