Espaço
Ontem finalmente comprámos o que nos faltava: o cortinado para o quarto da piolhinha. Fomos também buscar a banheira que a minha irmã nos emprestou. Era da minha sobrinha e não havia necessidade de estarmos a gastar dinheiro noutra porque aquela está como nova. Estive a dar uns últimos "retoques" na nossa mala e no quarto dela porque, como diz o Pedro, não posso estar um minuto sem fazer nada. Quando arrumámos a banheira a um canto da casa de banho para estar sempre pronta a utilizar, pus-me a pensar no espaço. Eu tirando umas breves memórias que tenho de ter vivido até aos 3 anos em casa dos meus avós, sempre desde que me lembro vivi em minha casa com montes de espaço para tudo e mais alguma coisa. Acumulei durante anos tudo o que só alguém como eu, agarrado ao passado, às recordações e às pessoas, consegue guardar. Bilhetes, revistas com assuntos do meu interesse, material que um dia "poderia vir a dar jeito", etc, etc... Enquanto estava em Coimbra a estudar vivi em apartamentos mas continuava a acumular tudo em casa ao fim de semana. Ia organizando as coisas conforme podia de forma a guardar a maior quantidade de " tralha" que conseguisse. Quando casei viemos viver para um apartamento da minha mãe que estava vazio. É a 5 kms de casa da minha mãe, no centro de uma cidadezinha perto do descanso do lugar onde quase sempre vivi. Estamos a pensar construir casa quando resolvermos umas questões burocráticas de um terreno, mas até lá vamos ficando por aqui. Até gosto bastante de viver aqui porque não estava habituada a ter sempre tudo à mão e continuo a estar perto da minha mamã. O problema é que há 2 anos que continuo a transportar coisas cá para casa. Precisamos sempre de mais alguma coisa. E mesmo assim deixo quase tudo o que não me faz falta no imediato em casa da minha mãe. Com o aproximar da chegada da Mariana tive que deixar um quarto disponível e ninguém imagina o esforço que foi enfiar tanta coisa na dispensa e numa das varandas. Tive que aproveitar um dos poucos dias que me deu um rasgo de inspiração para escolher o que é realmente importante. Se bem que para mim isto da importância é relativo(lol). O Pedro que tem um poder sintético a escolher o que é realmente é importante espectacular, passa-se comigo. Lá vem ele carregado com coisas de casa da minha mãe a perguntar se preciso mesmo das 1001 coisas que todas as semanas invento para trazer para ao pé de mim. Ontem quando trouxemos a banheira pus-me a pensar que vou querer guardar tudo o que é da minha filha. E para que a minha memória não me atraiçoe, gostava de guardar mesmo tudo. A sorte do Pedro é que não temos espaço. Ele já costuma dizer que na casa nova ( que construirmos) vamos ter de fazer um espaço com 50 m2 só para sacos de plástico (que exagerado, tá bem que guardo tudo mas alguns vou deitando fora!). Eu já sugeri comprar o apartamento de um dos vizinhos, abrir uma porta e fazer dele quarto de arrumações. Porque é que ninguém me compreende?
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