"Tudo é relativo" ou "és tão engraçado, amor"
Se me dissessem hoje de manhã que eu ia receber uma festa na mão, feita por um arrumador e ainda sorrir para ele agradecida, eu diria que era impossível.
Pois bem, esta semana estou a fazer um estágio em Coimbra. Fui almoçar ao Centro comercial e quando voltei ao sítio do estágio, estacionei e pelos vistos deixei as luzes ligadas. A meio da tarde fui ao carro porque deixei-o "semi mal estacionado" e queria ver se havia outro lugar melhor. Não havia, mas um senhor disse-me que tinha deixado as luzes ligadas. Desliguei-as mas nem me lembrei que o carro não fosse trabalhar. Quando era para vir embora, dei à chave, e ups... Tentei novamente a pensar "isto não me está a acontecer...". Mas estava. Fiquei uns segundos a pensar nas possibilidades: ou telefonava para o reboque, ou pedia ao Pedro para fazer 92 kms com uns cabos ou desenrascava-me. Como não sou de ficar enrascada e também não me apetecia esperar pelo reboque, decidi-me pela terceira opção. Entrei no sítio onde estou a estagiar e perguntei ao segurança se tinha uns cabos. Ele disse-me que não, mas que o arrumador que costuma lá estar (é dos arrumadores finos, que até fica com a chave dos carros) tem. Fui ter com ele. Expliquei quem era e porque estava ali. Ele como se soubesse bem quem eu era (????) disse-me que não tinha trazido o carro dele para ali e que estava a uns 5 ou 6 kms (e os cabos lá dentro do dito carro). Que amanhã já levaria o carro para lá (pois, amanhã daria muito jeito...). De repennte lembrou-se que o sr X também tinha cabos. Ainda o procurámos mas ele não estava. Perguntou-me onde estava o meu carro 2 ou 3 vezes e disse-me para eu ir para lá e esperar por ele que empurrávamos o carro e ele trabalhava. E eu a pensar que ele nunca mais encontraria o carro. Passei só a tentar trocar dinheiro para poder comprar qualquer coisa na máquina de comida mas não me trocaram o dinheiro. E eu cheia de fome, já quase a desfalecer lá fui para o carro (salvou-se o facto de ter lá uma peça de fruta e um pacote de leite, que "mulher a amamentar, prevenida vale por duas"). Esperei um bocadito mas sempre a tentar que houvesse um milagre e o carro trabalhasse. Como já só imaginava que o homem não iria nada lá ajudar-me, estabelecei uma hora a partir da qual ligaria ao dito reboque. Passado pouco tempo, estava eu a aproveitar o tempo para ir estudando lá aparece o dito arrumador. A sorrir para mim (que visão...). Saí do carro, ele abre a janela e diz-me para ir para a frente do carro. Chama um rapaz que estava lá sentado e pede-lhe ajuda. O carro estava a subir, atravessado, mas ele desenrascou-se e foi um bocado em sentido contrário. Eu fiquei a olhar, com o outro rapaz e entre dentes lá me escapou:
-"Ai que ele vai dar-me cabo do carro, a andar em sentido contrário..."
-"Não vai nada. Já está a trabalhar."
Agradeci-lhe várias vezes (ao rapaz ) e fui a correr para o carro. Enquanto falava para o arrumador, ele:
-" Um homem faz muita falta."
Eu acenti, e ele estendeu-me a mão para me dar um aperto de mão e com a outra, fez-me uma festa. Eu sorri-lhe (muito) agradecida e ele ainda ficou a olhar para mim com um olhar "sedutor" e a desejar-me boa viagem. E eu confesso que só não lhe saltei para o colo e o lambuzei de beijos porque também não estava assim tão agradecida (Eheheh). Tudo é relativo, portanto.
O Pedro a brincar com a situação, a tentar imitá-lo, enquanto me dava uma palmada no rabo:
-" Oh jeitosa, queres que te empurre o carro outra vez? É o que ele te vai dizer amanhã."
Tão engraçado. Homens assim não fazem falta. Os valentes, como o arrumador é que fazem (eheheh).
(Vês, como posso ser tão engraçada como tu, amor?)
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