Dia 30
Há um mês, o mundo ficava mais pobre e o céu mais rico. Há um mês que te perdemos. Há um mês que choramos a tua ausência. Temos muitas saudades Cirilo.
Há um mês, o mundo ficava mais pobre e o céu mais rico. Há um mês que te perdemos. Há um mês que choramos a tua ausência. Temos muitas saudades Cirilo.
Ultimamente parece que toda a gente acha que a Mariana já é crescida o suficiente para eu "mandar vir" um(a) mano(a). Pois então, passo a explicar:
Adora cantar enquanto dança. Canta a música da Lili e dança. Canta a música das galinhas e dança. Qualquer som que se pareça com música é dançável para ela. Agora a novidade é uma música nova que lhe canto e ela vai repetindo alguns sons dalgumas palavras enquanto dança , faz gestos e bate palmas. Bem dizia a educadora que eles nestas idades são dançarinos.
Foi no dia 10 de Setembro. Disseram-lhe que fosse dizer à mamã que o papá a estava a chamar. Chegou ao pé de mim e disse: "Mamã...papá". Tão linda.
Abre a porta do armário, tira duas fraldas sujas do caixote e vai a rir-se e a correr toda satisfeita com uma em cada mão. Tudo o que é "proibido", é o seu passatempo favorito.
A minha filha pôs uma chupeta na boca, por sua auto-recreação.
Saí mais cedo para poder ir à reunião que começava às 19 horas.
Hoje encontrei uma amiga com quem já não falava há muito. Disse-me que me achava bem. Que não parecia que tinha sido mãe. Que estava bonita. Fiquei contente. Às vezes sabe-nos bem e precisamos de ouvir estas coisas.
- Pesa 9.300 kgs e mede cerca de 77 cms (medidas caseiras). Continua no mesmo percentil
- Mariana não vás para aí que é perigoso.
Para a minha filha os patos fazem "pá, pá, pá". Porque é que eles hão-de fazer "quá, quá, quá" se eles não são "quatos"? (E ai de quem diga que a minha filha não tem razão...)
Entre consultas, fui buscar a Mariana ao infantário. Enquanto a C. lhe mudava a fralda lá me foi dizendo que a Mariana andava a comer muito bem (só se for lá), que dançava muito (ah pois, mas isso não é de agora) e que falava muito (pois, pois, mas em espanhol, que aqui a mãezinha percebe por que é mãe). Mas fiquei contente. Parece que já está no mundo dela. Eu também andei sempre em infantários e escolas e não fiquei com nenhum trauma, mas mãe é mãe. E mãe sofre muito quando os filhos ficam na escola. Se calhar mais que eles. Mas o facto de estar num infantário e não numa ama, foi escolha nossa. Tem vantagens e desvantagens, mas acho que escolhemos bem.
São 19.21 e já estou em casa. Um luxo, portanto...
- Marianinha, vamos tomar banho filha?
Há 3 dias que a Mariana não fica a choramingar no infantário e manda-se para os braços da C. enquanto me sorri.
Estava a lembrar-me que quando erámos pequenas costumávamos dizer que éramos filhas do mesmo pai e da mesma mãe sempre que havia olhares espantados pelo facto de sermos as 3 irmãs tão diferentes. E agora que continuamos muito diferentes adoramos "escandalizar" o pessoal e damos as mãos ou beijinhos para pensarem que somos "viradas". Ai, o que nos rimos. Ninguém nos imagina irmãs.
Uma das razões porque não "posso" ter mais filhos para já: a Mariana passeia-se pela casa a arrastar ou a empurrar um banco enquanto grita desalmadamente. O irmão ou irmã iria com certeza ficar traumatizado in útero.
A mãe a trabalhar, o pai a dar um jeito na casa (Será que ainda lhe podemos chamar isso? Às vezes parece tudo menos uma casa ) e um bebé/menina muito caladinha. Quando o pai vai ver, lá estava ela a... comer chocolate. Ai, pai, pai. Este bebé é perigoso. Não pode ficar nem 20 segs sem supervisão.
Gosto do facto de ser um infantário feito de raiz. De ter creche, jardim de infância e primária, mas todas estas secções devidamente separadas. De ser um espaço onde há dias em que se fecham os portões e as crianças podem "usar" os 10 000 m2 de espaço a andar de bicicleta ou brincar em festas. Gosto do enorme espaço exterior pensado ao mínimo pormenor. Com brinquedos, relvados, areia, campo de futebol e outros jogos e uma horta.
Ao perguntar ao Pedro:
Se eu fosse um mês seria Julho
Se eu fosse um dia da semana seria o Sábado
Se eu fosse um número seria o 7
Se eu fosse uma direcção seria Sul
Se eu fosse um móvel seria uma cama
Se eu fosse um líquido seria chá
Se eu fosse um pecado seria gula
Se eu fosse uma pedra seria negra e redondinha
Se eu fosse um metal seria o ouro branco
Se eu fosse uma árvore seria uma oliveira
Se eu fosse uma fruta seria uma meloa
Se eu fosse uma flor seria um "copo de leite"(alguém sabe como se chama?)
Se eu fosse um clima seria tropical
Se eu fosse um instrumento musical seria uma harpa
Se eu fosse um elemento seria a água
Se eu fosse uma cor seria azul
Se eu fosse um animal seria uma girafa
Se eu fosse um som seria o do vento
Se eu fosse uma letra de música seria "Eu sem você" (acho que não é este o nome)
Se eu fosse uma canção seria "She"
Se eu fosse um estilo musical seria uma balada
Se eu fosse um perfume seria o da pele da minha filha
Se eu fosse um sentimento seria o Amor
Se eu fosse um livro seria um álbum de fotos
Se eu fosse uma comida seria um prato com legumes que o Pedro faz
Se eu fosse um lugar seria o Alentejo ao entardecer
Se eu fosse um gosto seria doce
Se eu fosse um cheiro seria o da maresia
Se eu fosse uma palavra seria sonho
Se eu fosse um verbo seria sonhar
Se eu fosse um objecto seria uma vela
Se eu fosse uma roupa seria um biquini
Se eu fosse uma parte do corpo seria a boca
Se eu fosse uma expressão seria um sorriso
Se eu fosse um desenho animado seria a Lili
Se eu fosse um filme seria o da minha filha
Se eu fosse uma forma seria assimétrica
Se eu fosse uma estação seria o Verão
Se eu fosse uma frase seria "Não podes escolher o que te acontece mas podes escolher as atitudes a tomar perante o que te acontece"
Passo este desafio:
CLS
Caterina
Diana
mana Vera
Morena
E hoje lá recomeço eu as viagens até à Invicta, depois de umas férias das aulas. Hoje tenho mais 2 horas de aulas que o normal. É para apanharmos o ritmo depressa...
Antes de tirar o meu curso só as medicinas me interessavam. Depois de o terminar descobri que há mais 2 ou 3 áreas que gosto. A microbiologia, a bioquímica e a medicina legal são as que realmente me fascinam. Após ter tirado alguns cursos na minha área para enriquecimento profissional decidi começar uma outra licenciatura. Interessava-me a microbiologia ou a bioquímica. A finalidade era mais tarde ingressar num mestrado nessa área e poder quem sabe um dia, seguir investigação. Bioquímica existia em Coimbra que significava uma hora de viagem para cada lado quase todos os dias, visto que não podia deixar de trabalhar. Microbiologia era nas Caldas, a 25 minutos de caminho. Decidi por este último. Em Setembro de 2004 comecei. Tentei ir ao máximo de aulas e fiz os primeiros exames. Engravidei um mês depois. Continuei a ir às aulas entre consultas e uma gravidez com bastantes percalços. Fiz imensos sacrifíos entre noites mal dormidas e a fazer trabalhos, relatórios, etc. Veio o 2º semestre e já "bastante grávida" e com indicação de repouso absoluto (que nunca fiz) lá me fui desdobrando entre trabalho, consultas e o curso. Comecei os exames mas a 1 de Julho nasceu a Mariana. Optei por deixar 2 exames para o ano seguinte.
Claro que o vizinho nunca mais apareceu à janela (e tem sempre o estore fechado) mas em contrapartida a Mariana dormiu a terceira noite (intercalada) sem pedir mama. Só acordou de manhã (não se pode ter tudo, bem sei).
Devagarinho, estamos a voltar ao activo neste blog. Para mais tarde ficam os agradecimentos a quem nos seguiu e apoiou neste momento difícil.
o estômago da minha filha deve estar super hidratado. (Como é que ela descobre cremes nos locais mais recôndidos?)
acordar e levar a Mariana à janela para ver a rua e estar na varanda do 5º andar do prédio ao lado um vizinho bonzão em tronco nu. Que visão logo pela manhã. Hoje o dia só pode correr bem. Eheheh.
Para compensar a altura em que não metia nada na boca:
Em conversas com a prima Helena, às vezes digo-lhe:
Fui buscá-la ao infantário e quando vinhamos estava a falar com ela e falei na palavra "tau-tau".
nascia a prima C. . Recordo a primeira imagem dela via SMS, com uns olhos lindos e "rasgados". Um ano depois estamos a festejar a sua vinda.
Acordei sobressaltada das poucas horas que tinha dormido. Era talvez o dia mais importante dos últimos anos. Lá fui hiper-mega-nervosa. E os minutos que aquele exame oral demoraram foram uma eternidade difícil de suportar. Mas terminava ali uma infinidade de anos na mira daquele objectivo e atingia um sonho de criança. Estava formada. Muitas lágrimas, muito estudo, muitos amigos, outras tantas desilusões e esperanças. Coimbra vira-me crescer e via-me agora partir diferente.
- "Olha , agora é que vejo mesmo bem"- enquanto colocava umas lentes novas para experimentar
Quando estávamos no Algarve a Mariana agarrou numa moldura que lá temos com uma fotografia dos 5 (pais, manas e eu) e começou a apontar para mim e a dizer mamã. Fê-lo inúmeras vezes e eu até filmei para mais tarde recordar. Não seria nada de anormal se eu naquela foto não tivesse 8 anos (ok, ok, toda a gente diz que desde bebé que se nota que sou eu).
Com os lençóis, a toalha, uma muda de roupa, a chupeta (que não usa, mas enfim...), os babetes, uma fralda de pano, o protector solar, a escova e o creme no saco lá fomos nós. Chegámos e a S. (antiga educadora) abriu-nos a porta enquanto se admirava como a Mariana estava crescida. Fomos até à nova sala e deparámo-nos com a maior parte dos meninos a chorar. Grande parte deles já eram coleguinhas do ano passado. A C. veio receber-nos (a outra antiga educadora). Depois das instruções dadas deixei-a no colo da C. . Chorou um pouquinho mas calou-se logo. Vim embora bastante mais descansada do que quando a deixei a primeira vez há 8 meses. Mesmo assim estava nervosa como quando era criança e ia para o primeiro dia de aulas.
saí mais cedo do trabalho, por volta das 18 h. Passámos a casa da minha madrinha para deixar a minha mãe e acabámos por deixar também a Mariana a e a Helena (obrigada madrinha). Chegámos ao Porto em tempo record para assistir à missa de 7º dia. Ainda passámos ao cemitério a deixar mais umas flores e com quase meia hora de atraso , parece que só perdemos 10 min do início da missa (que atrasou também). Ouvimos mais uma vez aquelas palavras, que não morremos, que passamos para outra condição de vida, etc, mas ditas por um padre amigo. Que até chorou na última despedida ao Cirilo. Confesso que nunca tinha visto um padre chorar e emocionou-me ainda mais. Porque afinal eles dizem "aquelas coisas" mas também sofrem como nós.
Nestas alturas começamos a dar ainda mais valor a um abraço, a um carinho, a algumas palavras e a desvalorizar o que até aqui nos parecia importante. Cada segundo da nossa vida tem um valor incalculável mas demasiadas vezes perdemos tempo com coisas insignificantes.