Ontem...

saí mais cedo do trabalho, por volta das 18 h. Passámos a casa da minha madrinha para deixar a minha mãe e acabámos por deixar também a Mariana a e a Helena (obrigada madrinha). Chegámos ao Porto em tempo record para assistir à missa de 7º dia. Ainda passámos ao cemitério a deixar mais umas flores e com quase meia hora de atraso , parece que só perdemos 10 min do início da missa (que atrasou também). Ouvimos mais uma vez aquelas palavras, que não morremos, que passamos para outra condição de vida, etc, mas ditas por um padre amigo. Que até chorou na última despedida ao Cirilo. Confesso que nunca tinha visto um padre chorar e emocionou-me ainda mais. Porque afinal eles dizem "aquelas coisas" mas também sofrem como nós.
Fomos jantar e "trouxemos" a mana Rita que tinha ficado lá a tratar de assuntos. Deixámos lá o cão (que passou a ser nosso mas virá mais tarde) e despedimo-nos. Não aguentei. Despedir-me daquela casa, da família, trazer a minha irmã sabendo que tudo mudou. Sabendo que ela o tinha escolhido para passar o resto da vida e que regressa assim, sózinha, com meia dúzia de coisas que partilharam e com muitas histórias de 9 anos. Pensar que aquela também era a família dela porque fim de semana sim, fim de semana não, era passado lá. Que os conhece como conhece a nossa família. Que riu muito e chorou muito com eles. Claro que continuará a poder ir sempre lá. Que estará com eles. Mas tudo mudou tanto. Falta lá qum ela escolheu para o resto dos dias. E isso dói muito. Como se para trás ficasse um período da vida dela. Os amigos, a família, os lugares lhe fossem "roubados". E chorei com o Pedro. Porque a vida não é justa. E já sofremos tanto. Porque o Cirilo não merecia. Porque sofreu tanto nestes últimos tempos. Porque a minha irmã não merecia, que esteve sempre ali ao lado dele a toda a hora nestes últimos meses. Porque nós não merecíamos mais uma perca assim. Porque a Helena não fala noutra coisa. Porque a Mariana nunca o vai conhecer realmente. Porque lamento tanto coisa nesta história toda.
E a vida continua. Mais pobre com certeza. Com muita dor, muito sofrimento nos próximos tempos. Porque a presença dele estará na maior parte dos sítios onde estejamos. P0rque tenho medo pela mana Rita. O que possa sentir e não consiga partilhar. A nova vida dela. Porque queria poder ajudar mais. Preencher algum espaço do vazio que fica.
Chegámos já passava da meia noite e meia. Fomos a casa da minha mãe para a mana Rita abrir os presentes de aniversário que ficaram por abrir naquele dia que partiu à pressa para se despedir dele. Senti ali uma união entre todos. Os 7, como se ali naquela casa estivessemos protegidos de tudo e de todos. Unidos. Com o papá e o Cirilo a olharem por nós. E a sorrirem por estarmos juntos neste momento difícil.