quinta-feira, abril 28, 2005

Compensará o amor tudo?

Filhotinha, a mamã promete-te que a partir de Junho vai abrandar este ritmo alucinante de vida e vai começar a dar-te mais atenção. Gostava que fosses uma criança mais do tipo calmo como a mamã e o papá mas como é que te posso pedir isso, quando o início da tua vida ( intrauterina, mas já é vida) está sob esta constante corrida a que te submeto. Sinto-me mal por não estar a ter em conta a tua fragilidade mas o meu amor por ti é já tão forte que espero que te sintas ( pelo menos um pouco) compensada. Amo-te tanto filhotinha...

terça-feira, abril 26, 2005

Primeira aula

Hoje fomos pela primeira vez às aulas de preparação para o parto. Começámos pelas práticas que são às terças e quintas e para a semana começamos as teóricas às quartas. Como este curso é suposto começar às 28 semanas e durar até ao parto, as outras meninas já estão bem mais adiantadinhas ( nas trinta e tal semanas) e já dominavam a arte de bem respirar. Enquanto a enfermeira dava as primeiras explicações para acompanharmos o resto da turma, ouvia-se uma música de fundo para bebés. Quando ela nos mandou relaxar senti-me nas nuvens. Nunca me tinha sentido tão próxima da minha menina. Enquanto ela descrevia o momento do parto como umas horas de alguma dor ( só alguma?) mas culminando num momento de uma alegria e alívio tão forte e inexplicável, pensei na minha filhotinha. Pensei em como o momento se aproxima a passos largos. Dei por mim a pensar como o tempo passou rápido e em tudo o que passei no início da gravidez. A verdade é que nunca pensei que esta gravidez fosse além das 10 semanas quando apanhei aquele grande susto. Vivi esta gravidez até às 14 semanas sem grandes esperanças. Confesso que só no dia em que fiz a 1ª eco é que comecei a pensar nesta gravidez como uma realidade mas sempre sem grandes euforias para não me desiludir. À medida que o tempo foi passando e que comecei a sentir-me bem, sem " efeitos gravídicos", passei a olhar para esta gravidez como a concretização de mais um grande sonho. Aquela aula fez-me pensar como um pequeno ser nos pode trazer ao coração o melhor de nós, como nos pode fazer olhar a vida doutra forma. Já me sinto mãe embora saiba que muita coisa pode ainda acontecer. E enquanto a enf. descrevia o parto, a música de bebé tocava suavemente, e a minha filhinha me pontapeava docemente imaginei-a pela primeira vez nos meus braços e correu-me uma lagrimazita.

segunda-feira, abril 18, 2005

Já chegámos de férias! Correu tudo muito bem e ao que parece a minha Mariana adorou andar de avião. Descansámos e divertimo-nos bastante. E até conseguimos ir dando uma espreitadinha às nossas cyberamigas porque o hotel tinha net ligada todo o dia. Embora a fila fosse enorme valia a pena a espera!
Hoje foi dia de consulta e de beber aquela papa doce. Vi mais uma vez a minha filhotinha. Estava de cabecita para baixo mas o médico diz que ela ainda se vai virar novamente. Fiquei toda orgulhosa porque a barriguinha que no início não queria crescer parece uma bola de futebol toda redondinha e o Dr. disse-me que estava muito bonita. A minha menina não pára de se mexer e eu adoro senti-la. O papá Pedro também anda todo orgulhoso quando acaricia a barriga e a Mariana o presenteia com os seus deliciosos pontapés.
Quando chegámos a casa no sábado, tivemos duas surpresas. A primeira, a minha linda sobrinha Helena( a minha luz), desvendou-a a 5 minutos da chegada a casa. Ela bem sabia que era segredo mas quando se tem 3 aninhos é dificil não partilhar. A mana Vera já tinha encomendado o carrinho e já estava em casa da minha mãe. Mas maior surpresa foi chegar a casa e ter o quarto da Mariana sem a tralha toda que eu tinha lá deixado, já pintadinho, com o berço, a cómoda e o roupeiro e toda a roupinha e brinquedos que temos para ela. Fiquei tão emocionada. Está tão lindo o quarto da minha pequenina. Eu que andava a reclamar que estava atrasada nos preparativos. Agora acho que até já está tudo bem adiantadinho. Não me canso de olhar para o quratinho e pensar nela. Na minha menina. A minha princesinha, tão pequenina, e que eu já amo tanto, tanto...

sexta-feira, abril 15, 2005

A mamã, o papá e a Mariana nem imaginam que, quando chegarem a casa das férias, vão ter uma GRANDE surpresa! EHEHEHEH! E que dores me tem dado a surpresa...
P.S. - Os detalhes não conto por agora porque, infelizmente, a Internet (essa maravilha da tecnologia), já chegou ao outro lado do Atlântico. E os cuscos andam à espreita, com certeza...

sexta-feira, abril 08, 2005

Férias !!!

Finalmente vamos de férias! Provavelmente serão as últimas nos próximos meses em que iremos de avião, sem a nossa filhotinha. Quer dizer, ela também vai, mas vai escondidinha. Enganamos os senhores do avião... não comprámos bilhete para ela (lol). Eu tenho muito medo de andar de avião embora ande frequentemente. Só espero que corra tudo bem e que a minha piolhinha se divirta muito lá pelos ares. Só temos pena de não estar esta semana porque provavelmente vai ser uma semana em que alguns bebés de mamãs que nós acompanhamos diária e atentamente irão nascer. Que corra tudo muito, muito bem.
Faltam supostamente 99 dias para a minha filhinha nascer, hoje 22 meses ( e um dia) depois de ter casado, vou de férias e ...estou feliz.

sábado, abril 02, 2005

Mentiras

Não passa um só dia em que não pense no teu avô Emídio, meu papá. O dia 1 de Abril era um dia que ele adorava. Passava o dia a arranjar mentirinhas para os amigos e à hora de almoço contava-nos ( a mim, às tias e à avó Lurdes), entre gargalhadas e a boa disposição que o caracterizava. E se nos apanhasse mais distraídas também nós eramos " enganadas". O teu avô era a pessoa que mais adorava a vida, que eu conheci até hoje. Vivia cada momento com uma intensidade , com uma alegria que contagiava todos à sua volta. Ensinou-nos a amar, a aceitar os outros como são, mostrou-nos o mundo, ensinou-nos a ser uma família e fomos tão felizes. Lembro-me de um dia em que íamos passar o fim de semana fora ( como qusase todos, o teu avô adorava viajar) e eu dizer que afinal já não queria ser professora como a tua avó Lurdes. Queria ser médica. E quando ele me respondeu que era um sonho para ele ter uma filha médica, eu cresci nos meus 6 anos , guardei aquela recordação e passei a minha vida a lutar pelo meu e pelo sonho dele. Por poucos meses não me pode ver formada e nunca chegou a assinar as minhas fitas. Nem imaginas a dor que isso me causa ainda hoje. Lembro-me que quando eu e tia Vera chegávamos de Coimbra e a tia Rita do Porto, tinhamos todas as 6 ªs feiras a nossa comida favorita à espera. Feita com tanto amor, como que a dizer-nos "sejam muito bem vindas, tivemos muitas saudades vossas esta semana." Ao fim de semana era ele que tratava de tudo: da comida, da casa, e dos nossos miminhos porque a avóLurdes como já te expliquei teve uma doença muito má. Ele apoiou-a sempre e foi parte da sua grande recuperação. O amor entre eles foi o com que sempre sonhei para mim. Cresci a imaginar se um dia conseguiria encontrar alguém que foose a minha alma gémea como os teus avós sempre foram. Sempre agarradinhos, aos beijinhos e miminhos.
Mas um dia, ia eu para as aulas e vi passar os teus avôs e fiquei a pensar o que teria acontecido. Telefonei a perguntar o que estavam a fazer em Coimbra. Começou ali a fase mais triste da minha vida. Dia 12 de Maio de 2000. O avô estava muito doente. Foram 11 meses de corrida para médicos, cá e no estrangeiro. Cada dia uma notícia pior. Eu como futura colega de profissão nunca fui poupada. Davam-me as notícias como se ele não fosse o meu papá, a minha vida, o meu primeiro e grande amor. Corremos médicos, agarrámo-nos a tudo o que podíamos e talvez graças a isso ele tenha vivido mais e com melhor qualidade de vida do que aquele tumor lhe estava a permitir. Recordo os dias em que ele me abraçava e dizia : " O que seria de nós sem ti?". Ele que sempre fora saudável, que amava a vida, que fazia tudo por instituições das quias fazia parte, que amava cada pessoa como se fosse única, que tinha amigos em todo o mundo... No dia 14 de Abril de 2001 foi para o céu. Às 14 horas, sábado de Páscoa. No domingo despedimo-nos dele e só me lembro de muitos amigos e de um da infância dele vir até mim e chorar encostado ao meu ombro. Doeu tanto. Quase quatro anos depois, quase todos os dias há alguém que me fala nele com um carinho tão forte, que sei que foi essa a marca dele no mundo. Toda a gente que o conhecia o amava tanto. Como me disseram uma vez, ele foi um anjo na terra. Nós fomos a outra marca dele. Espero que ele lá no céu esteja a olhar por nós e orgulhar-se de nós. Não pude entrar com ele na igreja. Nunca conheceu o teu papá e nunca te vai conhecer. Com a ida dele para o céu perdi uma parte de mim. Talvez a melhor. Mas todos os dias enquanto penso nele, lhe prometo que vou cuidar sempre da avó Lurdes e vou tentar ter uma família tão feliz como nós fomos um dia. Para que um dia nos possas recordar como eu recordo os teus avós. Para que sejas muito feliz... E eu amo-vos tanto...