sábado, outubro 03, 2009

2 de Outubro 2009

Farias 57, mas nunca te comemorámos os 49. Eras novo demais para partires assim e todos os dias o lamento. Mas consegui ter-te volta, pelo menos por uns momentos. Desde que partiste, comecei a sonhar contigo. No início eram apenas pesadelos, que me faziam reviver aqueles que foram os onze meses mais difíceis da minha vida. Durante muito tempo sonhava contigo e com a tua doença. Chorava contigo, revoltava-me, sofria, como se a vida nos "permitisse" sofrer mais um pouco. Acordava de rastos. E foi assim durante alguns anos. Até que um dia percebi que por mais que doesse, não irias voltar nunca. E deixei-te partir finalmente. Com a mesma dor, mas com outra esperança. Secreta. Que jamais partilharei. Sei que vai acabar por ser assim. E esses pensamentos permitem-me continuar todos os dias. E sonhar contigo, doutra perspectiva. Em cada sonho, apareces feliz, com aquele sorriso que te caracterizava. E já não estás doente, porque já te curaste. Assim. Sei que estiveste doente, mas venceste a doença. E rimos muito e abraçamo-nos. Também discordas comigo. Ralhas, chamas-me a atenção. Tudo tão real. E eu acordo renovada. Cheia de ti. Serena.
Hoje cruzaste o meu sonho novamente. Apareceste, sorridente como sempre, olhaste para mim, piscaste o olho e saíste. Percebi-te. Sei de cor, o que vieste dizer-me. Procurei-te mais uma vez durante todo o sonho, embora soubesse que hoje seria apenas assim. Insanidade? Não. Um amor insubstituível e eterno. Que aprendi a reviver à minha maneira.
Amo-te como sempre, para sempre, papá. Parabéns.

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2 Comments:

At 3/10/09 15:40, Blogger Joca said...

Patrícia:

Das mais lindas declarações de amor que já li!

Joca

 
At 3/10/09 17:53, Blogger Jane said...

Estas palavras, hoje, disseram-me muito. Beijinho

 

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