A Bela e o Monstro da amamentação
Este post já era para ter sido escrito há muito tempo. Os textos doutras meninas acerca deste assunto deram-me coragem. Sempre estive preparadíssima para amamentar. Aliás nunca pus em causa isso. Mas começou tudo mal. Na maternidade, logo no primeiro dia, a Mariana não sabia mamar. Passámos horas a tentar. Eu também inexperiente não sabia ajudar muito. Quando chegámos a casa a saga continuou. Ela chorava porque adormecia a a mamar e não ficava satisfeita. Eu não a conseguia acordar. Ela passava horas a mamar. Eu já não aguentava com dores num mamilo quase despegado da base. Eu não estava preparada para isto. Toda a gente falava nas dores do parto. Eu perguntava-me porque é que ninguém falava na amamentação para estarmos preparadas psicologicamente para a dor, etc. Chorei muito, gritava cada vez que ela pegava no mamilo. Às vezes era difícil colocá-la a mamar porque ela escarafunchava e não conseguia agarrar o mamilo. Segundo a enfermeira, como ele tinha um formato e tamanho bom ela pegou-lhe, senão bem podia ter esquecido a amamentação. Uma vez uma médica no hospital disse-me que assim que ela tivesse o tempo que era suposto ainda estar na barriga, que eu ia notar diferença. As 3 semanas passaram e continuava tudo igual. Lembro-me de pedir para as horas não passarem para ela não querer mamar novamente. E de me sentir mal por pensar assim e poder transmitir essa ansiedade à minha menina. Lembro-me de pensar que adorava a minha filha mas detestava ser mãe. Lembrava-me muita vez da enfermeira dizer que a maior parte das depressões post-parto serem por causa da amamentação. Eu na altura não percebi... No dia dos meus anos o Pedro conseguiu achar uma bomba qe andávamos à procura e foi um alívio. Conseguia tirar e assim nem ela adormecia e eu tinha menos dores. À noite dava-lhe um biberon para ela passar bem a noite e durante o dia amamentava exclusivamente. Durou pouco o alívio. Comecei a trabalhar a tempo inteiro muito cedo (fica para outro post) e ela passou a beber mais leite de biberon a partir dessa data: 5 semanas. Mas sempre que podia parar de trabalhar, ou quando estava em casa só bebia do meu leitinho. As dores passaram mas houve um dia que tive febre que subiu de 37 º para 39º em apenas minutos. Dores horríveis e temi que o leite secasse. No dia seguinte continuava com 39º e lá fui eu novamente ao hospital para mudar a medicação. Passou. A amamentação começou a tornar-se um prazer até porque ela já estava muito mais expedita a mamar. Fomos de férias uma semana e como não havia biberon, a Mariana habituou-se a ter-me sempre ao pé e começou a rejeitar o biberon. Pelo meio, tive mais uma infecção desta vez sem febre. Amamentar passou a ser um prazer, de tal forma que ansiava pela hora de ela "pedir" o leitinho. Quando já não estava nada à espera tive novamente febre e dores. Foi apenas um dia. O optimismo e experiência ajudaram a passar. A Mariana ficou de tal forma viciada na mama que sempre que não posso parar de trabalhar, e alguém lhe tenta dar biberon grita. Eu achava que o Pedro exagerava quando lhe chamava guinchar. Mas é isso mesmo que a minha filhota faz quando não tem a maminha. Falei nisso à pediatra e daí termos optado pelas papas tão cedo. Para vermos se eu podia trabalhar descansada sem a minha filhota estar aos gritos quando não posso parar logo no momento em que tem fominha. Ainda não resolveu. Ela continua a gritar (já mudámos de leite) e ainda não gosta muito da papa. Ela só quer o leitinho dela, o miminho dela. E eu nem imagino quando tiver de deixar de amamentar. Eu adoro aquele momento só nosso. Como se o amamentar fosse a extensão do cordão que às 37 semanas e 2 dias nos foi cortado. A cumplicidade desses momentos é muito para além do que possa tentar dizer por palavras. Ficamos uma só. Enquanto eu lhe segredo musiquinhas, ela segura-me com a sua mãozinha pequena e avidamente desfruta do leitinho e da paz do momento. sei que fiz a escolha certa ao ultrapassar todos oa obstáculos sem desistir. Mas não foi fácil. Chorei muito e sofri muito mais do que no parto. Era uma dor arrastada e continuada. Física e do coração. Mas o monstro da amamentação transformou-se num príncipe e a minha Bela (filha) continuou a história. "E foram felizes para sempre..."
1 Comments:
Este post elucidou-me imenso... ninguém (ou quase ninguém) fala disto, é bem verdade. Sinto-me confiante mas mais agora, que sei o que me (pode, eventualmente) espera(r).
Obrigada! :)
(qualquer coisa, em caso de desespero, passo por aqui e berro...) ;)
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