Como se fosse comigo
Como temos uma espécie de parque infantil em casa da minha mãe, não costumamos frequentar muito os públicos. Na nossa cidade temos dois muito bonitos. Ontem a tia R. ligou-nos a dizer que vinha cá ao parque e decidimos encontrar-nos.
De repente só vi uma miúda a cair duma altura de perto de 2m, de costas, em cheio no chão. Uma queda como acho que nunca tinha visto ao vivo. O pai levanta-a imediatamente e claro que a miúda caiu para o lado. Ficou inconsciente, enquanto a mãe em pânico se aproximava. A R. (em pânico também, quem não ficou?) pediu-me que fosse lá ajudar. Enquanto o pai da criança ligava ao INEM, fizemos o pouco que se pode fazer nestas situações.
Foram muito rápidos a chegar e afastei-me sem sequer conseguir dar uma palavra de coragem àquela mãe. A miúda muito agitada só gritava com dores. Tinha o meu nome e 9 anos.
Só me imaginava no papel daquela mãe. E fiquei muito abalada. O resto do dia não me saiu da a imagem da queda. Não sei o que se passou a seguir. Mas dormi muito mal. Hoje ainda estou muito afectada. Porque também sou mãe. Porque lhe vi o desespero enquanto a criança estava inconsciente. Porque "vivi" tudo o que deve ter passado pela cabeça daquela mãe. Porque a criança estava mesmo aflita.
Sinto aqui um aperto como se tivesse sido comigo. Nem sei explicar porque estou tão abalada. Mas estou. E só espero que a criança esteja bem e a mãe possa finalmente respirar de alívio.
1 Comments:
Há mesmo coisas que só se conseguem "visualizar" quando passamos a fronteira da maternidade... mesmo quando não é connosco dói-nos... e o aperto no estômago é angustiante...
jinhos
Enviar um comentário
<< Home