12 de Novembro de 2004

Era sexta-feira. Tinha feito o teste dois dias antes. Ainda andávamos fascinados com a descoberta de que íamos ser pais. Mas uma dor horrível não me deixava desde o dia a seguir àquele que penso ter sido o dia da concepção da minha princesa. Uma dor tipo, quando temos quistos nos ovários. Nesse dia, depois do trabalho não aguentei mais. Fui a uma urgência à clínica onde sou seguida. Um médico (que não era o meu), fez-me a ecografia e diz-me que se vê alguma coisa no útero mas que lhe parece um coágulo. Que o ovário tem uma zona mal definida. Envia-me para o hospital para aferir a B-HCG. Eu estava em pânico com uma possível gravidez extra-uterina. Ele reforçou essa ideia. A dor de pensar no que se poderia estar a passar era mais forte que a dor física.
A médica que me atendeu, muito querida depois de um resultado de quatrocentos e tal disse-me por entre as minhas lágrimas que apenas me podia dizer que eu estava grávida. Que não chorasse que ia tudo correr bem. E pediu-me que voltasse na segunda para fazer eco.
Por mais anos que passem, nunca esquecerei este dia. O dia em que o meu pequeno "coágulo" (a minha irmã ainda fala no médico que chamou coágulo à sobrinha dela) foi "apresentado" à família (a mana Vera desconfiou por estarmos no médico e tivemos que dizer às manas o que se estava a passar).
Claro que a minha gravidez foi vivida com muita ansiedade a partir daí. Mas na segunda-feira seguinte, lá estava o meu pequeno "coágulo" a brilhar para mim. E os médicos até apostaram que seriam dois (outro susto, claro).
Hoje, 3 anos depois, só te posso dizer que és um "coágulo" que amo muito, princesa.