quinta-feira, março 01, 2007

Mariana, o teu bisavô

Nasceu no seio duma família grande como quase todas, antigamente. Foi trabalhar ainda menino, ainda sem idade sequer para ir para a escola. Aprendeu a ler e a escrever. Cresceu, casou, teve 4 filhas e 10 netos. Já não viu nascer os seus 9 bisnetos (2 ainda estão agora embutidos).
Costumavam contar-me que ele ia sempre trabalhar meia hora mais cedo. Que passava rigorosamente à mesma hora em determinado local e como tal, a sua mota era o despertador de muita gente. Que em sessenta anos de trabalho nunca faltou um minuto nem nunca chegou atrasado ( e aqui está provado que a genética é falível) ao trabalho.
Das histórias que me contam, seria uma pessoa rigorosa com os seus pupilos, exigente com o seu trabalho, com cara de poucos amigos. Do que vivi , fica a memória de uma pessoa meiga, dedicada, paciente e amiga. Amigo da sua pequena princesa (a minha avó), pois eram um casal exemplar em dedicação, amor e amizade. Nunca me lembro de os ver discutir ou levantar a voz um ao outro. Sempre juntos, sempre em sintonia.
Era uma pessoa moldada por uma vida de trabalho mas terno no seu olhar, na sua face, nos seus actos. Não me esqueço que escolhia o presente para cada um de nós no Natal ou no aniversário, consoante as nossas características ou gostos.
Tinha umas mãos que "esculpiam" e "soavam" arte. Manobrava o vidro com uma facilidade desconcertante e em casa ainda tinha uma pequena bancada de carpintaria onde dava asas à sua imaginação.
De poucas falas com estranhos, de muito amor e dedicação connosco, era o meu avô materno. O meu avô António que partiu à sete anos. O meu querido avô que faria hoje 90 anos. Tenho muitas saudades tuas avô.

2 Comments:

At 1/3/07 11:56, Blogger Mamã Coquinhas said...

Saudades que se vão sentir sempre!
Sei o que sentes, sei do que falas ...
Beijocas

 
At 1/3/07 12:15, Blogger Xana said...

As saudades que tenho da minha avó Adelaide! Era tão presente na minha vida. Lembro-me tantas vezes que ela ía adorar conviver com o Vasco. Os comentários que faría às descobertas dele. Enfim... temos de aceitar. Mas nunca me recordei dela de uma forma triste. Lembro-me da alegria, das maluquices que tínhamos juntas, ...

Beijos

P.S. Não tens de agradecer, eu ainda nem tínha falado com a TM. Acabaram por resolver as duas. Eu não disse que ela não se importáva. É uma querida!

 

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