Sexta-feira, 14 de Abril...

faz 5 anos. Passara a noite acordada com ele. Numa das vezes acordou sobressaltado a perguntar-me o que era aquilo. Pedi-lhe que dormisse, que descansasse. Disse-me que se adormecesse que nunca mais acordaria. Sosseguei-o. Disse-lhe que dormisse, que era óbvio que acordaria. Adormeceu. Sempre com uma respiração pesada. Deixei-o dormir. Tentei acordá-lo por volta da hora de fazer a medicação. Não voltou a acordar. Até na hora da sua partida tinha razão.
Partiu já no hospital por volta das 14.30. Acabou ali a minha esperança numa cura. Acabou ali, 11 meses depois, aquela dor que me "matava" aos poucos. Começou outra dor que carregarei comigo até ao fim da minha vida. Perdi a melhor parte de mim. O céu ficou nesse dia mais rico. A melhor pessoa que conheci, a quem pude ter o prazer de chamar papá, deixou-nos. Cinco anos depois, aquela dor que dizem curar com o tempo, não passou. Tento todos os dias aprender a viver com ela. Há dias em que me saio melhor que outros. Penso muito nele, na sua alegria, nos seus conselhos, no seu sorriso... e procuro em toda a parte um sinal que me diga que está bem, lá no céu. Que olha por nós aqui na terra. Que aprova as nossas escolhas. Que sorri connosco. Que chora as nossas lágrimas. Que vê crescer as suas netinhas. Que é o nosso anjo da guarda.
E este amor, tão diferente de outros amores, tão especial, tão intenso, será sempre o motivo destas saudades incontroláveis de um abraço.
Viver sem ti papá, é tão difícil, mesmo 5 anos depois.