quinta-feira, julho 31, 2014

No início dos 6

Está crescida no alto dos seus 6 anos. É uma menina diferente. Nem eu sei perceber bem porquê. A forma adulta como defende o seu ponto de vista contrasta com momentos das suas birras infantis. Hoje disse-me que tem um nome feio e que aos 18 anos quer mudar de nome. Chorou até. Que queria chamar-se Mariana, Rita ou Camila. Tem uma sensibilidade fora do normal para a idade. Por vezes nem sei como lidar com ela e com a sua perspicácia. E toca-me no coração. Com a palavra certa no momento certo. Exige, reclama atenção. Sabe bem quando me excedo sem razão. E não tem dificuldade em apontar-me o dedo de uma forma assertiva. Faz-me sentir a pior pessoa do mundo, quando a repreendo, apenas com um olhar. É desafiadora e desafiante ao mesmo tempo. Mas também meiga que só ela. Mais expressiva que muitos adultos. Quase desde que fala. Desde que caía e se levantava sozinha: "Ponto, já tá, já paxou." Diz que me ama e abraça-me ternamente. Todos os dias. Admira-me. Gosta de me cheirar e dizer que cheiro bem. Quer dormir comigo. Entende quando lhe explicamos que vai faltar a uma festa com os amigos: "Pois mamã, vamos passear em família e eu prefiro estar com a minha família. Tenho muito tempo para estar com os meus amigos...". E aprecia verdadeiramente a minha companhia. A nossa. É boa companhia, também ela. Brincalhona. Com um riso contagiante. E as suas expressões... Inigualável. Amorosa. Sublime.
Foi sem dúvida um dos maiores desafios que já recebi na minha vida... E não podia amá-la mais.